Não é mais mistério para ninguém que praticar reciclagem, seja em casa ou no trabalho, é fundamental para a preservação do meio ambiente, além de um ato de cidadania e respeito com as próximas gerações que habitarão oplaneta. Ao reciclar, estamos dando vida nova a materiais que acabariam inutilizados em lixões ou aterros sanitários, quando não poluindo rios e córregos.
Particularmente o plástico, do ponto de vista ambiental, é um problemão. O baixo custo de produção e a alta maleabilidade fazem deste material um insumo largamente consumido em todo o mundo.
Os plásticos estão presentes (e muitas vezes são essenciais) em diversos setores da economia. A construção civil, embalagens, têxtil, telecomunicações e eletroeletrônicos, por exemplo, são grandes “consumidores” deste material. São produtos que vão desde “inofensivas” sacolinhas de plástico a chassis de tratores e caminhões.
O descarte de plásticos é dividido em dois grupos distintos: pós-industriais (descarte feito por indústrias) e pós-consumo (embalagens e outros produtos que vão para o lixo dos consumidores). Para se ter uma idéia, em 2005 foram descartados 767.503 mil toneladas de plásticos no Brasil, de acordo com levantamento doInstituto Sócio-Ambiental dos Plásticos (Plastivida).
O problema é que o plástico é produzido do petróleo, um combustível fóssil não-renovável (ou seja, um dia acaba), altamente poluente quando queimado ou derramado, e tóxico, quando inalado ou ingerido. Como agravante, a biodegradabilidade da maioria dos plásticos é muito lenta. Uma garrafa PET, por exemplo, leva cerca de 500 anos para se desintegrar na natureza. Por isso, enquanto não inventam um material para substituí-lo, é muito importante reciclá-lo.
Esta alternativa, no entanto, está longe de ser efetiva. Em 2006, reciclou-se 19,8% do plástico pós-consumo em território nacional. A média européia foi de 16,94%, de acordo com a Association of Plastics Manufacturers (Plastics Europe). A Alemanha, neste sentido, é um exemplo a ser seguido por outras nações: reciclou 32% do seu plástico pós-consumo.
E como reciclar o plástico? Saiba na próxima página.
Processo de reciclagem
Qual é o papel do consumidor na reciclagem do plástico? Como as pessoas podem contribuir para melhorar o índice brasileiro?
Ao consumidor cabe separá-lo em casa e entregá-lo para a coleta seletiva da prefeitura ou às cooperativas de catadores. Pode também depositá-lo nos lixos vermelhos de reciclagem, disponibilizados por diversas lojas e supermercados. O material será recolhido, separado e vendido (ou doado, depende do caso) para indústrias de reciclagem que, por sua vez, executarão a reciclagem propriamente dita.
O que entra no "lixinho vermelho"? O plástico é um material muito versátil, é comum o observarmos em diversos níveis de rigidez, gramatura e cores. Eles podem ser divididos em dois grupos: - Rígidos: aparelhos telefônicos, eletrodomésticos, garrafas PET, carros e lapiseiras; - Filmes: sacolinhas plásticas, embalagem de cigarro e papel filme. Em ambos os grupos, (quase) todos os componentes são recicláveis e, portanto, devem ser encaminhados para a reciclagem. A exceção (o que não é reciclado) fica por conta de cabos de panela, botões de rádio, pratos, canetas, bijuterias e espuma, entre outros produtos. Lembre-se de que não se recicla dois ou mais tipos de plástico ao mesmo tempo, antes de entrar no sistema eles são separados. Portanto, antes de descartar a garrafa PET, separe a tampinha e o rótulo da embalagem. O mesmo vale para o tubo e a tampa da pasta de dentes, do shampoo, e por aí vai. Não custa nada dar uma mãozinha aos “empresários verdes”, não é mesmo? Afinal de contas, eles estão fazendo um bem ao nosso planeta. |
Existem, atualmente, três sistemas de reciclagem de plásticos: mecânica, química e energética. Cada um deles possui suas vantagens e desvantagens. O mais utilizado, em nível mundial, é o sistema mecânico, pela facilidade de implementação e pelo custo da operação. Veja abaixo.
Outras formas de reciclagem Além do sistema mecânico, a reciclagem pode ser química eenergética. A reciclagem química reprocessa os materiais, por intervenção química (hidrogenização, gaseificação, quimólise e pirólise), transformando-os novamente em matéria-prima para indústrias. Já a reciclagem energética (ou recuperação energética) trata-se da recuperação dos plásticos através de processos térmicos. É uma espécie de incineração, com a diferença de que a energia gerada pela queima do plástico é reaproveitada. Para se ter uma idéia, 1 kilo de plástico reciclado por recuperação energética gera energia equivalente à queima de 1 kilo de óleo combustível. No Japão e nos EUA, por exemplo, já existem centenas de usinas térmicas movidas a plástico em atividade. |
Empresário verde
Se empolgou com a reciclagem do plástico e quer montar seu próprio negócio? Vá com calma.
O investimento inicial para montar a sua própria recicladora de plástico gira em torno de R$ 300 mil. Sem contar, é claro, com o terreno para instalar as máquinas, que deve ser de pelo menos 1,5 mil metros quadrados. E para que o negócio seja rentável, o ideal é reciclar mensalmente cerca de 50 toneladas de material.
Comprador é o que não falta, já que seu preço é menor do que a metade do plástico virgem. O setor têxtil, que produz fibras de poliester a partir do PET reciclado, é um grande cliente.
E por que não agregar valor ao seu produto final? Uma alternativa à simples venda de plástico reciclado para outras indústrias é a criação de produtos à base de materiais recicláveis, como por exemplo bijuterias e objetos decorativos. Várias cooperativas de catadores no Brasil já estão fazendo isso. A garrafas PET, por exemplo, podem servir para fazer cadeiras e mesas, graças a sua resistência mecânica (dá para passar um carro em cima de uma garrafa Pet fechada que ela resiste). Há quem faça bonecas com o plástico e inclusive, bijuterias como as da Camapet (Cooperativa de Coleta Seletiva, Processamento de Plástico e Proteção Ambiental) de Salvador, usadas no carnaval baiano.
Crédito: Norsa/Camapet |
Em 2005, a indústria brasileira de reciclagem de plástico contava com 512 empresas, reciclava 767,5 mil toneladas de plástico por ano – 60,9% de sua capacidade instalada – e gerava 17.548 empregos diretos. As informações foram extraídas de pesquisa realizada pelo Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos – Plastivida.
De onde vem e para onde vai
O HowstuffWorks explica de onde vem os diferentes tipos de plásticos que utilizamos, e no que eles se transformam após o processo de reciclagem. Veja abaixo:
O que pode ser produzido com plástico reciclado Quem apostar no mercado de reciclagem de plástico não precisa somente vender a matéria-prima reciclada para outras indústrias, pode também pode produzir seus próprio produtos. Veja abaixo uma lista do que pode ser produzido: - Armários, mesas e cadeiras; |
TERMOPLÁSTICOS | |
PET - (polietileno tereftalado) | |
PEAD - (polietileno de alta densidade) | |
PVC - (policloreto de vinila) | |
PEBD - (polietileno de baixa densidade) | |
PP - (poliproprileno) | |
PS – (poliestireno) | |
OUTROS | |
TERMORRÍGIDOS | |
PU - Poliuretanos, EVA - Poliacetato de Etileno Vinil etc | |
Fonte: Plastivida / Recicloteca e Casara – Comércio, Representações e Consultoria Ltda |
Perda da qualidade: mito ou realidade?
A reciclagem do plástico é extremamente eficiente - 100% do material são reaproveitados. Alguns críticos, contudo, afirmam que o processo de reciclagem afeta a qualidade do plástico. Será verdade?
Realidade ou mito, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não permite o emprego de plástico reciclado em embalagens de alimentos. Deste ponto em diante, tire suas próprias conclusões.
fonte:Celso Monteiro. "HowStuffWorks - Como funciona a reciclagem de plástico". Publicado em 24 de outubro de 2007 (atualizado em 28 de novembro de 2008) http://ambiente.hsw.uol.com.br/reciclagem-plastico.htm (26 de setembro de 2010)