Reciclagem

Setembro 26 2010

A reciclagem, mais do que nunca, está na boca do povo. As casas possuem dois cestos de lixo: um para restos orgânicos, outro para recicláveis, como o papel, o vidro, os metais e o plástico. O óleo de cozinha não é mais derramado no ralo da pia, é armazenado em garrafinhas plásticas que, quando cheias, são levadas a postos de coleta em supermercados e outros estabelecimentos comerciais. As pilhas e baterias, comuns em eletrônicos e gadgets, também são levadas a postos de coleta especializados. O ciclo do consumo, aos poucos, vai se configurando em um verdadeiro “ciclo”.

Mas nem tudo são flores no processo de reciclagem, sobretudo quanto estamos falando em embalagens, a cada dia que passa mais sofisticadas e complexas. O caso mais emblemático é a embalagem longa vida (ou cartonada), um composto de plástico, alumínio e papel.

Você dispensaria uma embalagem longa vida no lixo de papel, plástico ou alumínio? E como reciclar um material tão complexo quanto este?

A embalagem cartonada (conhecida também por longa vida), criada na década de 1970, trouxe enormes benefícios à sociedade, que pode armazenar alimentos por um longo período de tempo sem que os mesmos apodrecessem. Benéfica do ponto de vista logístico – foi adotada em larga escala para armazenar toda sorte de alimentos e bebidas imagináveis -, no entanto, tornou-se um grande problema ambiental: é um composto de papel, plástico e alumínio humanamente inseparável, o que impede sua reciclagem integral.

 

 



Verdade seja dita: o papel é facilmente extraído do composto, o problema está justamente na separação do plástico e o alumínio. Os cientistas levaram décadas para, só então em 2007, descobrirem uma solução viável para a separação destes elementos: o plasma.

Para saber o que é o plasma e como ele consegue separar o plástico e o alumínio, leia a próxima página.

A reciclagem por plasma

A embalagem cartonada é utilizada em larga escala no Brasil. Até 2007, das cerca de 160 mil toneladas descartadas anualmente, apenas 25% eram direcionadas para um processo de reciclagem parcial, que separa o papel dos demais elementos (plástico e alumínio).

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Hidrapulper em funcionamento

A separação do papel se dá pela introdução das embalagens em processador à base de água chamado hidrapulper - uma espécie de liquidificador gigante - que extrai o papel da embalagem em fibras. Estas fibras são direcionadas à indústria de reciclagem de papel, que as utiliza basicamente na produção de caixas de papelão.

 

Reciclagem de longa vida
Celso Monteiro
Depois de passar pelo hidrapulper, surge este material.


O material remanescente, plástico e alumínio grudados, em sua grande maioria era destinado a aterros sanitários, sendo apenas uma pequena parte aproveitado por fábricas de telhas que o utilizava como matéria-prima.

 

O que restou da embalagem de tetrapack
Celso Monteiro
Produto final da reciclagem de embalagem longa vida



A solução para a reciclagem da embalagem cartonada, à despeito de tudo o que já havia sido tentado, no entanto, estava incompleta. Foi então que, no ano de 2007, quatro empresas consorciadas inauguraram a primeira fábrica de reciclagem completa destas embalagens, na cidade de Piracicaba, no interior de São Paulo, utilizando a tecnologia do plasma.

 

Quarto estado da matéria
O plasma é um gás produzido em alta temperatura, com propriedades químicas que o diferencia dos demais estados de matéria (sólido, líquido e gasoso). Ele é parcialmente ionizado e possui modificações moleculares e atômicas. É comumente chamado de “quarto estado da matéria”.

O consórcio era formado pelas empresas TSL, de engenharia ambiental; Alcoa, produtora de alumínio; Klabin, produtora de papel, e Tetra Pak, fabricante de embalagens cartonadas.

Com investimentos da ordem de R$ 12 milhões - e sete anos de pesquisa e desenvolvimento - a capacidade de processamento da fábrica é de 8 mil toneladas de plástico e alumínio por ano, equivalente a cerca de 32 milhões de toneladas de embalagens longa vida (20% do total consumido no Brasil).

No processo de separação pelo plasma, o material remanescente da separação do papel da embalagem cartonada – o composto de plástico e alumínio – é introduzido em fardos dentro do reator de plasma térmico. Induzido pelo gás argônio, o plasma é lançado por uma tocha sobre o material por alguns poucos minutos a uma temperatura média de 15.000 °C.

As moléculas de plástico vão se quebrando em cadeias moleculares menores, evapora e condensa em uma outra câmara, na qual é retirada em forma de parafina, que é vendida para a indústria petroquímica.

O alumínio, por sua vez, é derretido pelo plasma e recuperado em lingotes (barras). A própria indústria de alumínio recompra o material e o emprega novamente em embalagens.
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Benefícios sócio-ambientais

 

 

Telhas de longa vida

Além do sofisticado método de reciclagem desenvolvido pela empresa, algumas outras iniciativas dão outras utilidades para as embalagens longa vida. Elas podem, por exemplo, transformar-se em telhas melhores que as de amianto em apenas duas horas. Clique aqui para saber mais.

Além do fato de a tecnologia de reciclagem pelo plasma ser um diferencial por si só, a fábrica tem outros atrativos ambientais: o processo é considerado “limpo”, ou seja, não produz poluentes ambientais.

A separação dos materiais que ocorre no reator não utiliza oxigênio ou realiza qualquer tipo de combustão e, portanto, é neutra em emissão de carbono. Eventuais efluentes líquidos são tratados e a água utilizada no circuito é reaproveitada. O processo tem um alto índice de eficiência energética (transferência de energia do plasma para o alumínio e o plástico), cerca de 90%.

A expectativa do consórcio de empresas, por outro lado, é que os benefícios da reciclagem total das embalagens cartonadas se estendam por toda cadeia produtiva - em especial aos catadores de materiais, já que o preço da tonelada do material, atualmente em R$ 250 (dados de 2007), tenderá a aumentar em 30%, resultando numa maior remuneração da atividade de coleta.

fonte:Celso Monteiro.  "HowStuffWorks - Como funciona a reciclagem da embalagem longa vida".  Publicado em 14 de fevereiro de 2008  (atualizado em 28 de novembro de 2008) http://ambiente.hsw.uol.com.br/reciclagem-longa-vida.htm  (25 de setembro de 2010)

publicado por adm às 17:26

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