A Rússia é um país inovador, que não cansa de surpreender. Agora, as autoridades proibiram a reciclagem de garrafas de vidro utilizadas para bebidas alcóolicas. E, para não dar pinta, as usadas por comidas de bebê também. O motivo: proteger a saúde de seus cidadãos de uma eventual ‘contaminação’.
Muita gente – e eu me incluo nessa silepse – pesquisamos para saber se existe mesmo esse risco. Aparentemente, é uma coisa absolutamente nova. Enquanto em alguns países a taxa de reciclagem de recipientes de vidro se aproxima de 100%, na Rússia, vai atingir zero em breve. Na União Europeia, por exemplo, a média é de 67%, com a Grécia reciclando apenas 15% de recipientes de vidro.
O novo regulamento vai passar a valer já em 2012, <<ради здоровья нации запретить вторичное использование тары»>> (em prol da saúde da nação proibiremos a reutilização de recipientes de vidro), diz a gerente da maior fabricante desses produtos na Rússia, a Rusdzham, Margarita Pokinbura.
Pesquisando, achei mais coisas legais. Ao que parece, na Rússia Oriental há um enorme déficit de recipientes de vidro. Enquanto na Europa cada um custa em torno de R$ 0,10, naquela região russa o preço é 3 vezes maior.
E, pela lógica, é muito mais barato fabricar novos recipientes de vidro a partir da reciclagem. Entretanto, existe uma multinacional turca que praticamente detém o monopólio de produção das garrafas e potes (utilizados para as bebidas, lógico) na Rússia. E, por pressão dela, nossos amigos das estepes abandonaram a ecologia em função do enorme investimento do país do quarto crescente.
Aí que está: enquanto os otomanos investem forte na reciclagem – até de olho na entrada para a União Europeia – eles exigem que seus vizinhos chutem essa ideia para longe.
É um grande exemplo para nós, aqui no Brasil, que, eventualmente, também somos tratados como ‘lixeira’ sei lá de quais países. Ainda não vi, no entanto, o que grupos ecológicos, como o Greenpeace, vão dizer sobre isso. Mas que é uma vergonha, ah, é.
fonte:http://www.falandorusso.com/2