A Quercus defendeu hoje que Portugal deve apostar na recolha seletiva porta a porta e no tratamento mecânico e biológico dos resíduos, em detrimento da incineração, para conseguir atingir a meta comunitária de ter metade do lixo reciclado.
"Parece-nos importante melhorar e implementar cada vez mais o sistema de recolha seletiva porta a porta, o que tem dado melhores resultados e do ponto de vista económico é um sistema mais interessante", disse à agência Lusa Rui Berkemeier, da Quercus.
Para o técnico da associação ambientalista, "os ecopontos têm demonstrado que a nível de reciclagem, o processo está a estagnar e não incentiva a participação dos cidadãos".
A Quercus refere que a recolha porta a porta permite taxas [de recolha] mais elevadas e custos mais baixos do que o sistema de ecopontos.
"Portugal necessita de aumentar o tratamento dos resíduos que as pessoas não separam e existem várias unidades para tratamento que conseguem reciclar muitos deles, nomeadamente através do sistema de tratamento mecânico e biológico", explicou.
Neste processo, o lixo que as pessoas não separam é alvo de um tratamento para recuperar a matéria orgânica, os metais, os plásticos, ou outros materiais recicláveis.
Para a Quercus, o país deve melhorar as unidades que tem a funcionar nesta área e instalar outras, por exemplo, "nas zonas de Lisboa e Porto, onde praticamente só tem incineração".
"Antes de incineradores, [devem instalar-se] estas unidades que recuperem materiais", referiu Rui Berkemeier, realçando que "só assim será possível Portugal atingir a meta de 50% de reciclagem".
Na reciclagem de plástico, a média do país aponta para quatro a cinco quilos de plástico por ano, uma quantidade que o especialista disse ultrapassar 30 quilos por habitante/ano com o sistema de tratamento mecânico e biológico.
Esse sistema já modernizado está instalado nos distritos de Castelo Branco, Portalegre e Covilhã e será concretizado em Guimarães.
"Porto e Lisboa não têm esse sistema [e assim] não vão conseguir atingir a meta de reciclagem", disse Rui Berkemeier.
Nos casos de Lisboa e Porto, "a hipótese é instalar unidades de tratamento que permitem reciclar os resíduos ou aumentar a capacidade de incineração, ora o custo de investimento para as unidades de tratamento que permitem reciclar os resíduos é substancialmente inferior ao custo de novas unidades de incineração", alertou.
Em sistemas de grande dimensão, como a Amarsul (Setúbal), Suldouro (Gaia e Vila da Feira) e Algar (Algarve) devia ser aumentada a capacidade dos sistemas de tratamento mecânico e biológico para "reciclar mais e reduzir substancialmente os resíduos a enviar para aterro".
O Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território está a preparar um novo plano para os resíduos urbanos, para 2013 a 2020, a partir da obrigação comunitária de reciclar metade dos resíduos urbanos.
fonte:http://www.rtp.pt/