Reciclagem

Setembro 26 2010

A reciclagem de alumínio no Brasil é um sucesso. O país é o primeiro lugar no ranking do índice de reciclagem de latas de alumínio, com 94,4% do material consumido sendo reaproveitado (dados de 2006). O segundo lugar é o Japão com 90,9% de aproveitamento e o terceiro é a Argentina, com 88,2%, segundo levantamento da Associação Brasileira de Alumínio (Abal) e Associação Brasileiros da Indústria de Latas (Abralatas).

 


Mas quais as razões do sucesso tupiniquim. Para as indústrias, a reciclagem do alumínio tem vantagens óbvias na economia de energia. O processo gasta cerca de 700 Kilo Watts/hora ao ano, o que equivale a menos de 5% da energia gasta no processo de elaboração primária do alumínio, que transforma a bauxita em alumina e depois em barras ou chapas de alumínio. As associações do setor projetam uma economia de energia que daria para abastecer de eletricidade uma cidade como Campinas, com cerca de 1,5 milhão de habitantes.



Para os catadores e suas cooperativas, uma das principais pontas do processo, recolher e vender latas de alumínio rendem muito mais do que qualquer outro material possível de reciclagem como pets ou papéis. Para se ter uma idéia, um catador chega a receber R$ 3,00 por 74 latinhas ou um quilo do material contra R$ 0,30 por 20 garrafas pets de 2 litros ou R$ 0,10 por um quilo de papel.

Para os que lutam contra a degradação do meio ambiente, reciclar alumínio evita que essa latinha seja jogada na natureza. O alumínio pode demorar de 100 a 500 anos para se degradar totalmente. O ciclo da reciclagem de latas de alumínios é de apenas 30 dias, aliás uma vantagem também para a indústria. Além disso, o alumínio é 100% reciclado como você verá quando for explicado o processo de produção, poupando assim a extração de 700 mil toneladas de bauxita, apesar da bauxita não ser necessariamente um material em extinção. Os problemas do aquecimento global também são amenizados com a reciclagem, já que o processo emite apenas 5% do gás carbônico que se emite na produção do alumínio primário, também segundo a Abal.

Como pode se ver a indústria da latinha é uma bem azeitada coordenação de interesses no Brasil. Nas próximas páginas você vai conhecer a história de como o alumínio virou essa matéria tão importante no nosso dia-a-dia, conhecer o processo de produção de alumínio e da reciclagem das latinhas e também quem faz parte dessa engrenagem.

 

E os outros produtos de alumínio?

Enquanto as latinhas são as meninas dos olhos da reciclagem no Brasil. Outros produtos de alumínio como, por exemplo, esquadrias de janelas ou carcaça de automóveis têm seu processo de reciclagem mais difuso e, conseqüentemente, menos eficientes. Há várias razões para isso. Primeiro porque esses produtos demoram mais para serem descartados. Além disso, eles não têm uma estrutura eficiente como no caso dos catadores de latinhas e normalmente esses descartes são feitos juntos com muitos outros tipos de materiais.

 

A história da indústria de alumínio

O Alumínio vem da bauxita, um tipo de lama, bem abundante na Terra. Cerca de cinco toneladas de bauxitas produzem uma tonelada de alumínio. Com alumínio, são feitos milhares de tipos de produtos: latas, esquadria, componentes de carros, aviões, panelas, estruturas de edifícios, ou seja, uma infinidade de variedades.

A descoberta do alumínio é relativamente recente. Em 1824, o dinamarquês Hans Christina Oersted conseguiu isolá-lo. Em 1854, o cientista francês, Henry Sainte-Claire Deville, conseguiu a obtê-lo por processo químico - usando cloreto duplo de alumínio e sódio fundido. Em 1886, o americano Charles Martin Hall e o francês Paul Louis Toussaint Héroult descobriram e patentearam, quase simultaneamente, o processo de obtenção de alumínio por meio de corrente elétrica. O processo de eletrólise ficou conhecido como Hall-Heróult.

 

Um produto vantajoso

O sucesso comercial do alumínio no mundo está nas características físicas do metal. Ele não enferruja como o aço, é leve, podendo ser também mais maleável.

O alumínio passou de um nobre metal usado em utensílios domésticos sofisticados para os ricos e nobres ou em obras de arte para um metal usado em milhares de produtos demorou um pouco menos de um século.  Em 1917, a indústria primária do metal chegou ao seu primeiro milhão de toneladas. Mas o seu aumento de escala se consolidou a partir de 1950. Hoje, a indústria de alumínio coloca 34 milhões de toneladas do produto no mundo (dados de 2006/Abal), que vai para diversas tipos de indústria virar outros produtos.

A escala é grande e a estrutura da indústria é altamente globalizada. As maiores jazidas de bauxita estão em país tropicais ou subtropicais. Brasil, Austrália, África e Estados Unidos são exemplos de locais onde a indústria extrativista de minério é forte. São 46 países que extraem a bauxita, transformam em alumina e depois em alumínio. Já as indústrias que moldam, usinam e fundem o alumínio se espalham pelo planeta. Seja, em países altamente industrializados e com sofisticado parque industrial como o Japão ou Tigres Asiáticos ou em grandes centros industriais dos países em desenvolvimento.

Uma das características dessa industrialização é seu forte investimento em tecnologia tanto do lado da extração quanto do beneficiamento. Como exemplo, podemos pegar a própria indústria de latas e o caso brasileiro. Entre as décadas de 1970 e 2006, a indústria de latas de alumínio no Brasil viu sua produtividade aumentar 51%. Antes, com um quilo de alumínio era possível produzir 49 latas. Atualmente, com a mesma quantidade de alumínio é possível produzir 74 latas. Esse quadro se repete em vários setores dessa cadeia produtiva. Mas voltemos para o perfil da indústria brasileira de latas, que é o principal assunto do artigo. Lá vão alguns dados.

  • Capacidade de produção de 14,4 bilhões de latas por ano
  • 13 fábricas de latas de alumínio
  • Produção de 10,8 bilhões de latas por ano
  • 3.300 empregos diretos
  • Faturamento de R$ 3 bilhões
  • Consumo de 57 latas per capita por ano
  • 95% das latinhas consumidas no Brasil são de alumínio
Fontes: Abal e Abralatas/2006


A reciclagem

Acompanhando esse movimento, a reciclagem de alumínio também se sofisticou e cresceu. Veja na próxima página como se estrutura essa indústria no Brasil.

Quem é quem na reciclagem de alumínio

A estrutura para a reciclagem de alumínio também é bastante avançada e enxuta no país.

  • 327 municípios com coleta seletiva
  • 170 mil pessoas envolvidas
  • Movimento de R$ 1,7 bilhão
  • 44 empresas recicladoras (fundições)
  • 2.100 empresas envolvidas no processo
  • 3.300 empregos diretos

 

Fontes: Abal e Abralatas/2006


Além do fatores já ditos como a vantagem econômica dos catadores e da indústria, a reciclagem conta atualmente com uma adesão importante dos consumidores e comerciantes. Apenas como exemplo, os clubes e condomínios que eram responsáveis por 10% da coleta em 2000 aumentaram sua participação para 20% em 2006. As cooperativas, no entanto, continuam sendo base do processo, responsáveis por 58% do material recolhido. Veja como a coleta se divide.

 



A indústria de latas e reciclagem de latas de alumínio tem sua própria estrutura social. São vários agentes que participam para que haja eficiência no processo, conheça esse ciclo.

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Veja agora como é o processo industria do alumínio em detalhes.
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Como se produz e recicla latas de alumínios

Como já foi dito, cinco toneladas de bauxita acaba em uma tonelada de alumínio. Para esse processo acontecer, há uma longa etapa que passa ainda por um outro ciclo que é da alumina.

A grosso modo o processo de produção do alumínio é dividido em três etapas.

Extração da bauxita – que se resume a extração, compactação e secagem do produto.

Transformação em alumina – Dessa bauxita vai ser retirada a alumina, uma espécie de pó branco. Esse processo conta com o uso de produtos químicos como a soda cáustica, secagem, filtragem e redução. A redução é feita através de um processo de eletrólise, processo que por meio elétrico separa componentes químicos.

Transformação em lingotes – A alumina é processada junto com outros elementos químicos. Há também a ação de eletricidade e fundição para que surjam os lingotes ou chapas de alumínio, estas últimas usadas para fazer latas. Com extremo grau de pureza, cerca de 98%, o alumínio segue para as mais diversas indústrias que o moldam, de acordo com o que desejam.

Para saber mais sobre esse processo, clique aqui.

Como estamos falando de lata, vamos a segundo etapa desse ciclo que quando a chapa torna-se lata. São sete passos básicos.

Prensagem – Os rolos de chapas de alumínio são cortados e tomam o formato de pequenos copos.

Afinando – Em outro equipamento de pressão, esses copos são esticados, diminuindo sua espessura e aumentando sua altura.

Limpando – Essas latas são esterelizadas e secadas por dentro e por fora.

Rotulando – Os rótulos das latas são feitos através de um processo chamado flexografia, uma espécie de xilografia sofisticada.

Revestimento interno – Um spray cria uma película amplia a higienização interna da lata.

Moldagem do pescoço – Nessa etapa é feita uma pequena dobra aonde será colocada a tampa da latinha.

Colocação da tampa – A tampa é finalmente fixada junto com o seu anel e rebite que serão fixados após o preenchimento do conteúdo.

Bom, agora que você já conhece os passos para se fazer uma lata de alumínio, vamos voltar um pouco do processo para entender como acontece a reciclagem. Dessa vez com imagens.

Depois de consumida a lata vai para o lixo. A separação da lata de alumínio é importante porque antecipa uma etapa do processo. Mas mesmo assim o perigo de haver materiais que não sejam alumínio no processo ainda é grande. E deixar esses intrusos acabam comprometendo a reciclagem. Apesar de 100% reciclado, o alumínio reciclado deve tomar cuidado para ter um bom grau de pureza. Muitas vezes ele não chega à pureza do alumínio primário, mas chega muito perto. Fábricas como a Aleris, em Pindamonhangaba, consegue 97,4% de pureza.

Vamos aos passos da reciclagem.

 



Depois de recolhidas e separadas, as latas chegam para a triagem.

 

 

Esteira de triagem

 

Uma esteira leva as latas para a prensagem. Uma nova fiscalização
manual
é feita. Nessa etapa uma máquina assopra a lata para o
alto. Com a velocidade controlada, o vento joga as latas de alumínio
para cima e objetos com materiais mais pesado caem em uma
nova lixeira. É nesse etapa que aquela latinha cheia de areia
que alguém colocou para aumentar o peso vai embora.

 

 

Latas são prensadas

 

A seguir, uma prensa cria os fardos, que seguem para
a indústria de reciclagem.

 

 

 

 

Exame de radioatividade

 

Na indústria de reciclagem, os fardos são examinados por
detectores de radiaotividade, Para evitar qualquer tipo de
contaminação por radiação.

 

 

 

Os fardos na indústria de reciclagem

 

 

Se não houver nenhum problema, os fardos seguem o processo.
Eles serão novamente examinados por uma triagem, que,
além dos jatos de vento, imãs são colocados para atrair objetos que contenham ferro, eliminando-os do processo.
As tintas e outros produtos químicos
são eliminados
durante a fusão graças
ao controle da temperatura dos fornos. Um processo
extremamente caloroso, já que os fornos
trabalham a 400º Celsius
.

 

Misturando as matérias-primas

 

Não são só as latinhas que vão para a reciclagem, restos de
várias linhas de produção com alumínio primário, conhecidos
como cavacos, são aproveitados melhorando o grau de pureza
do produto final.

 

 

Fundição do alumínio

 

Fundido, o alumínio cai em recipientes que determinam sua forma final.

 

 

Lingotes

 

 

Uma das formas do produto acaba são os lingotes.

 

 

 

Controle de qualidade

 

 

Para verificar o grau de pureza e resistência do produto são em
pequenas amostras que são torneadas na própria
indústria de reciclagem.

 

 

 

­O mito dos anéis de latinhas

Um costume de muitas famílias brasileiras é juntar aqueles anéis ou argolinhas de latinhas para uma suposta reciclagem que, por exemplo, ajudaria na obtenção de uma cadeira de rodas para quem precisa. Segundo uma das versões da história, uma garrafa de plástico de dois litros cheia de anéis de latinhas (com um quilo aproximadamente) valeria mais de R$ 200,00. Já vimos que um quilo de latinhas custa, na verdade, R$ 3,00 em média. Esses anéis podem sim ser usados na reciclagem, mas principalmente quando junto à latinha. Eles contêm uma pequena quantidade de zinco que é eliminada durante a reciclagem, mas nenhuma indústria de reciclagem vai comprar apenas os anéis. Por isso, deixe-os junto com a latinha. Aliás, esse mito não é exclusividade brasileira. Na Noruega, existe a lenda de que os anéis podem ser trocados por cachorros guias para cegos.

fonte:Luís Indriunas.  "HowStuffWorks - Como funciona a reciclagem de latas de alumínio".  Publicado em 19 de março de 2008  (atualizado em 28 de novembro de 2008) http://ambiente.hsw.uol.com.br/reciclagem-de-aluminio.htm  (26 de setembro de 2010)

publicado por adm às 17:23

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