Reciclagem

Setembro 19 2010

Indústria Fox vai inaugurar em setembro em Cabreúva (SP) unidade que reaproveitará mais de 420 mil refrigeradores por ano

 

A tarefa de reciclar eletrodomésticos no Brasil ganhará ares industriais com uma das primeiras fábrica de reciclagem de geladeira, freezer e ar condicionado da América do Sul. Foram investidos R$ 20 milhões, com apoio de órgãos internacionais, para a abertura do empreendimento pioneiro. Com uma área industrial de quase dez mil metros quadrados, a expectativa é de que sejam reciclados mais de 420 mil aparelhos de refrigeração por ano.

A fábrica de Cabreúva (SP) será inaugurada em setembro. O projeto teve financiamento da SENS International, fundação suíça sem fins lucrativos. Também colabora com a Fox uma rede de parceiros – entre eles o governo suíço - que apóia voluntariamente a iniciativa suíça de proteção climática.

O sistema de reciclagem no País ainda é quase todo tarefa manual realizada principalmente por ‘sucateiros’, que separam os materiais rentáveis comercialmente. Na fábrica pioneira, entretanto, o processo é industrializado e os gases contidos nos equipamentos de refrigeração, recuperados. “Hoje, uma geladeira velha vai para o sucateiro que aproveita algumas partes e as vende. Porém, assim que o motor é retirado, saem gases poluentes que passam despercebidos, já que não há cheiro”, afirma Philipp Bohr, diretor geral da Fox.

 

Ao serem coletados, os equipamentos passam por uma triagem e, se houver gases poluentes, o material é removido e tratado, en quanto as partes móveis são recolhidas e o resto dos materiais, triturado. Com isso, a Fox obtém vários tipos de matérias-primas como ferro, aço, alumínio e plástico, que serão vendidas para outras empresas. Uma das preocupações da recicladora é o destino correto de gases como o clorofluorcarboneto (CFC) – ainda presente no sistema de refrigeração de aparelhos antigos –, que poluem o ambiente e destroem a camada de ozônio.

Com duas linhas de montagem, há capacidade para reciclar até 50 geladeiras em aproximadamente uma hora. Não há reaproveitamento de nenhuma parte do eletrodoméstico: tudo é triturado e vendido como matéria-prima. “O impacto da fábrica dependerá da maneira como for realizada a reciclagem e, principalmente da quantidade de gases recolhidos”, afirma Edson Thomaz, engenheiro químico da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Se a geladeira já tiver parado de funcionar, provavelmente todo o gás poluente já saiu”.

O modo de retirada e transformação dos gases funciona por meio de um processo técnico. As moléculas gasosas são quebradas em partes menores e depois há uma recombinação controlada, cujo resultado é um líquido ácido, vendido para indústria de limpeza e outros segmentos. Apesar de o gás CFC ter sido parcialmente substituído nos refrigeradores - graças à lei sancionada em 2001 que proibiu seu uso - pelos hidroclorofluorcarbonos (HCFC), menos nocivos à camada de ozônio, ele ainda causa problemas. O HCFC é menos instável, o que torna menor seu tempo de decomposição (até 20 anos), ao contrário do antigo gás usado que pode ficar durante décadas na atmosfera

 

Um amplo mercado

Todo o processo de reciclagem da Fox é realizado com máquinas importadas e na própria empresa. Há dez funcionários e mais quarenta serão recrutados ao longo de um ano, segundo expectativas de Bohr. Os serviços são direcionados a clientes como fabricantes, varejistas, transportadores, indústrias de matéria-prima, cooperativas, ONGs e associações. Ainda não há um preço fechado para a reciclagem, já que dependerá do peso do eletrodoméstico e da quantidade de gás. “Pessoas físicas também poderão solicitar nossos serviços. Entretanto, não acredito que acontecerá com frequência, já que os consumidores não estão habituados a pagar por isso”, diz.

São boas as perspectivas de mercado para a recicladora, já que nesse mês foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a política nacional de resíduos sólidos. Com ela, as empresas serão obrigadas a recolher os equipamentos descartáveis e dar-lhes um destino. Segundo o regulamento, os municípios terão de gerenciar o descarte dos resíduos, que só poderão ir para aterros se não forem recicláveis. Quem não cumprir a lei sofrerá multa ambiental, entretanto, o prazo para as empresas se adequarem ainda está indefinido. "Não basta só recolher. É preciso destinar o lixo e dizer quem fará a recuperação e o aproveitamento”, diz Sergio Gonçalves, diretor de ambiente urbano da secretaria de recursos hídricos e ambiente urbano do Ministério do Meio Ambiente.

Segundo pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Ibge), em 2008, foram produzidos no Brasil mais de seis milhões de refrigeradores. As vendas movimentaram R$ 3,6 bilhões.

fonte:economia.ig

 

publicado por adm às 16:07

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