Reciclagem

Novembro 03 2011

Em Sergipe, um novo conceito sobre reciclagem começa a surgir com a iniciativa de um casal de empreendedores, a partir de investimentos na ordem de R$ 200 mil para reciclar óleo comestível e usá-lo como matéria-prima na fabricação de produtos de limpeza. Com este espírito, nasceu, há cerca de nove anos, a ideia de dar uma destinação consciente ao óleo comestível descartado em restaurantes e por pequenos vendedores ambulantes que trabalham com frituras na capital sergipana.

E foi por acaso. Por coincidência, há cerca de nove anos, o casal Rome Silva Freire e Rejane Lemos Freire, ambos com 36 anos, recebeu a visita inesperada de um empresário carioca. Eles não se conheciam, mas o vínculo foi a Kombi do casal estacionada na residência deles no bairro América. “Foi uma coisa de Deus, não tem como não ter sido aquela visita uma coisa mandada por Deus”, acredita Rejane Lemos.

Ela conta que o empreendedor (cujo nome não foi revelado) bateu na porta da residência dela com o intuito de alugar a Kombi que eles possuíam. “A Kombi estava estacionada na garagem e ele bateu na porta perguntando se meu marido

Óleo que seria jogado  nos dutos

tinha interesses de alugá-la”, lembra. “Meu marido disse que sim, desde que o motorista fosse ele. E foi aí que tudo começou”, diz. No início, Rome era apenas motorista. No entanto, com o passar dos dias, o empreendedor teve que retornar ao Rio de Janeiro para resolver problemas familiares, propôs sociedade e Rome acabou assumindo os negócios porque o empresário desistiu de atuar em Sergipe. “Como ele não mais voltou, meu marido e eu acabamos fazendo a reciclagem do óleo no quintal da nossa casa para vendê-lo a uma fábrica de sabão”.

Estava no pequeno quintal de casa o protótipo da JCS Recigraxe, que já está sendo erguida no Cantinho do Céu, no município de São Cristovão. “A gente vendeu carro, imóvel e investimos todas as nossas economias aqui. Agora a gente só faz a coleta e faz negócio com uma fábrica de produtos de limpeza, mas nossa ideia é abrir nossa própria fábrica, para fabricar produtos de limpeza com todo o óleo reciclado”, diz Rejane. Rome prefere o silêncio, transferindo para a esposa a responsabilidade pelas entrevistas.

A ideia se expande. O casal já está iniciando parcerias para instalar empreendimento semelhante nos Estados do

Sérgio Borges: trabalhando com pesquisa

Maranhão e Piauí. Em São Luís, capital do Maranhão, os entendimentos estão avançados e, em breve, os caminhos se abrirão em Terezinha, no Piauí. Pelo menos são estas as pretensões do casal empreendedor.

Negócio formidável

Foi no Cantinho do Céu, no município de São Cristovão, que o casal encontrou o espaço ideal para abrir a célula da fábrica de reciclagem. O empreendimento ainda opera em fase operacional, aguardando apenas a licença de órgãos ambientais para prosperar. Antes mesmo de atuar na fabricação de produtos de limpeza, o empreendimento já vinga com cinco empregados agindo na reciclagem do óleo comestível. Os serviços que eram feitos artesanalmente já progrediu, passando a ser executados em maquinários, que incluem caldeiras, centrífugas, reatores de tratamento, conduzidos pelo controlador de produção Josan Lemos. “Estamos só fazendo o beneficiamento do óleo, mas futuramente já estamos com equipamentos adequados para fornecer produtos de limpeza”, garante o controlador de produção.

Josan Lemos: cuidando dos equipamentos

Nesta atividade específica, relacionada ao beneficiamento do óleo comestível, o casal empreendedor já desfruta de parcerias com alguns restaurantes instalados em Aracaju, vendedores ambulantes que residem no próprio bairro América, algumas lojas de supermercado e até moradores, na própria comunidade onde o casal reside.

Para a coleta, o casal instala vasilhames específicos em alguns pontos da cidade, recipientes identificados como bombonas, de variados tamanhos, com capacidade para armazenar 25 litros, 50 litros e 100 litros de óleo. No momento, são coletados algo em torno de 3 mil litros de óleo comestível por semana. Na parceria, aqueles que se dispõem a ofertar o óleo comestível usado recebem, em troca, material de limpeza.

Um negócio formidável, na ótica da empresária Ivana Soalheiro, sócia-proprietária de um restaurante de médio porte em Aracaju, parceira da Recigraxe. “É uma coisa que vem em nosso próprio benefício”, considera a empresária, numa referência não apenas à economia que conseguiu conquistar com a aquisição de material de limpeza, mas o gesto associado à contribuição ao meio ambiente. “A natureza está tão desgastada que buscamos parceiros para não jogar o óleo que usamos no assado na natureza”, diz a empresária.

Ivana Soalheiro: negócios pelo meio ambiente

Com o gesto, a dona do restaurante consegue coletar cerca de R$ 100 litros de óleo comestível ao mês, que seriam, em outras épocas, lançados nas famosas ‘caixas de gordura’. “Fazemos sim economia, mas a questão não está no valor. A questão está no gesto para evitar jogar os descartáveis no lixo”, comenta. “São coisas mínimas que ajuda demais a natureza”, resume.

Educação Ambiental

O empreendimento ainda passa por fase de licença ambiental, mas já proporciona a abertura de novos negócios. A Aimberê Ambiental, uma empresa de consultoria, por exemplo, nasceu justamente com o objetivo de prestar serviços à JCS Recigraxe para desenvolver campanhas de conscientização junto à população para a importância de dar uma destinação politicamente correta ao óleo comestível, comumente despejado nos dutos e caixas coletoras de condomínios e restaurantes e até mesmo diretamente nos esgotos domésticos da cidade.

“Fundamos a Aimberê Ambiental para prestar serviços na área de educação ambiental para fazer um estudo prévio de comportamento da comunidade no tocante à adesão do projeto de coleta de óleo comestível”, informa o professor Sérgio Cardoso Borges, tutor do Centro de Educação Superior à Distância da Universidade Federal de Sergipe (UAB/Cesad/UFS), sócio da nova empresa. “Vamos trabalhar com a vertente do desenvolvimento sustentável pedagógico”, explica.

Local onde há o beneficiamento do óleo

O trabalho será desenvolvido em bairros, escolas públicas e privadas, condomínios e igrejas de religiões distintas. O primeiro trabalho será iniciado no Conjunto Orlando Dantas. E por que o Orlando Dantas? “Há indícios que o bairro é um dos mais solicitados para realização de serviços de manutenção da rede de esgoto”, responde o professor. Segundo analisa, um dos grandes problemas ocasionados pelo entupimento da rede de esgoto é causado pelo lançamento indiscriminado na rede de esgoto do óleo comestível descartado.

Além de desenvolver campanhas educativas, a Aimberê Ambiental pretende distribuir ecopontos de coleta de óleo em locais estratégicos, de forma que a comunidade dispense nestes vasilhames o óleo que costuma despejar na rede de esgoto do bairro. “O Orlando Dantas é composto por 5.922 domicílios e seu potencial de resíduo de fritura é de 12 toneladas ao ano. Portanto, são 12 toneladas de resíduos do óleo comestível que são jogadas indiscriminadamente nos dutos, se descartados de forma irregular”, considera o professor. “Vamos trabalhar na perspectiva de fazer parcerias e gerar impacto de mudança de hábito na comunidade, um trabalho voltado para a coleta do óleo, vislumbrando a geração de renda e trabalho”, comenta o professor.

Fica a dica. Os interessados em fazer parceria com a JCS Recigraxe na coleta de óleo comestível já usado podem entrar em contato com os empreendedores pelo telefones 3259 – 7377; 9991 – 2597 ou 9811 – 7379.

 

fonte:http://www.infonet.com.br/

publicado por adm às 22:52
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